quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

sobre imensidão, tame impala e gato preto

recordo três coisas daquele sábado: era começo de outono, você usava blusa vermelha e bermuda e eu senti um friozinho na barriga que há tempos não sentia. do dia seguinte, lembro das lágrimas escorrendo pela sua face e o quanto que eu quis sentir aquela dor por você.

de lá pra cá, tenho feito um esforço sobre-humano para guardar direitinho na memória as situações, frases e toques que realmente aconteceram e não como eu queria que tivessem acontecido. sabe aquilo que a gente faz quando gosta de alguém de tentar deturpar a frase que a pessoa disse como nos convém? sabe as fantasias malucas que a gente cria na mente? pronto.

naquele domingo na sua casa, antes da gente começar a sessão de filmes de terror, de eu pisar na pata do seu gato sem querer e da gente ficar observando quem tinha a franja maior, você colocou o disco de uma das nossas bandas preferidas. mas eu precisei cruzar o oceano atlântico e mais de sete horas de tédio dentro de um avião para prestar atenção em uma frase dessa banda que define você para mim. "I was doing fine without you 'til I saw your face, now I can't erase", sabe? é isso.

eu gosto da forma como a gente enxerga o mundo juntos. eu gosto de parecer uma metralhadora de otimismo do seu lado, apesar de também ter minhas frustrações, inseguranças, instabilidades de humor. eu quero ser leveza. eu quero ser soma. então, por favor, fica aqui mais um pouco. pelo menos até o fim do verão. até o fim do carnaval, sei lá. até eu enjoar dos seus olhos verdes-heineken e você enjoar das minhas ironias.