domingo, 12 de dezembro de 2010

I was dreaming of the past, and my heart was beating fast

E logo eu, que quis gritar tanto o teu nome por aí. Quase como um camaleão, ia me adequando a cada coisa nova que descobria sobre você. Sabe, deveria ser proibido pra qualquer tipo de casal aquele nosso encontro, aquela nossa noite. Você não me disse quase nada, eu muito menos. Mas algo ficou implícito pra mim. Às vezes quando vou dormir lembro daquela noite, daqueles beijos que eu adoraria receber sempre, das tuas mãos e do teu sorriso (que eu acho tão lindo, e concordo que não deveria mostrar pra qualquer pessoa, porque de certa forma eu tenho ciúmes), da tua cara de sono. Queria saber onde tudo isso foi parar.


I was feeling insecure; you might not love me anymore. I was shivering inside... i'm just a jealous guy.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Sístole, diástole.


Acelera, acalma, entra no ritmo e sai dele.
Quase sai pela boca, quase para de bater, quase denuncia e repousa.
Apaixona-se, ama, ama mais ainda e sofre.
Nega, mente, renuncia e aceita.
Dói, suspira, para, reanima.
E mesmo assim, ainda consegue forças pra guardar coisas e seguir em frente.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Troca-troca


Ta tudo indo muito rápido, coisas acontecendo a cada segundo. Todo dia acordo e não sou a mesma de ontem; meu cabelo muda, minha voz muda, meu peso muda, minha maquiagem muda, minhas músicas, meus gestos, meus cigarros e meus isqueiros, meus lugares preferidos, minhas comidas, meus amigos, minhas crises, meus planos e meus amores. Se hoje digo um “te amo”, amanhã pode ser um adeus, se hoje digo que estou com saudades, amanhã posso estar com outra pessoa. Sou inconstante, inquieta, indiferente, burra, benevolente, inconsequente, entre outras coisas.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pintando de branco, preto e vermelho.


O verdadeiro palhaço de circo.
Que por traz dos sorrisos e brincadeiras, esconde a chaga aberta, e a dor que deveras sente.
Pinta a face toda noite, reinventa uma pessoa á cada camada de pó, faz o esboço de um sorriso. Falso.

Notas sobre Clarice e pessoas como ela.

Pessoas como eu deveriam hibernar em certas épocas do ano. Custo a acreditar que o mundo é assim e que nada posso fazer para mudá-lo, na verdade gostaria de mudar as pessoas ao meu redor, a forma de pensar e agir. Penso por muitas vezes que vivo isolada em um mundo que é apenas meu, onde durmo na hora que as pessoas acordam, e acordo quando elas dormem. Penso várias coisas noite adentro sozinha, fumando mais um cigarro na minha janela, olhando um pouco da paisagem da minha rua, e pensando: quando algo vai acontecer? Vez em quando penso que o mundo parou pra mim; vez em quando penso que quero uma coisa, e momentos depois já não a quero. Sinto muito medo de querer bastante e não ter nada, sinto medo de ser só, de estar só por muito tempo. Pessoas como eu sentem a necessidade de compartilhar seus pensamentos com outras, e quase sempre isso não da certo. Pessoas como eu são feridas por outras constantemente, e ainda por mais que isso seja masoquista, elas necessitam. Eu, Clarice, preciso sentir aquela dor que da coragem pra seguir em frente, que torna a pessoa produtiva, que te faz focar em outras coisas. Eu preciso de um tempo pra sarar as minhas chagas, as feridas que outras pessoas fizeram em mim, e que eu mesma fiz.



“Então eu te disse que o que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.”

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

sobre silenciar depois de tirar do jardim a rosa.

E lá, estava eu mais uma vez. Com as pernas cruzadas e, segurando um copo metade cheio, tagarelando sobre psicologia e mascando um chiclete já sem gosto. E lá, estava eu mais uma vez a esperar que a madrugada fizesse o favor de responder o que tanto anseio em saber. Enquanto ela não me responder, vou continuar a sorrir para as mesmas pessoas e sempre manter o copo metade cheio. Pro meu espanto, ás vezes, ao conversar com as pessoas termino por encontrar alguma característica sua. Sabe o que isso significa? Que você não é único como pensei. E que tenho que me preparar e acostumar a me deparar com alguns fragmentos seus por aí, espalhado pelos cantos e em alguns, quando eu menos esperar. E naquele lugar, estava eu mais uma vez, quando encontrei você no meio da multidão escura e barulhenta. Eu gosto muito do escuro porque nele a cor dos seus olhos não faz diferença. Só eu sei o quanto agradeci depois pelo barulho ter me impossibilitado de vomitar verdades, falar tudo que me dói e não quebrar juramentos internos como me poupar e deixar fluir. Depois desse dia, eu passei a acreditar que a cura pra alguns dos meus males está no silêncio e no saber silenciar. O silêncio evita situações desconfortáveis, maiores ferimentos, e a mentira – sobre mentir, me refiro ao falar coisas que talvez eu nem sinta, mas pelo fervor da discussão ou do diálogo, termino por dizer.
Não adianta recorrer aos livros de auto-ajuda, a terapeuta, a vodca, e nem ser insistente - tais coisas podem ajudar momentaneamente, mas no outro dia não irão fazer diferença, e afirmo isso com a convicção de quem já testou de quase tudo e construiu o castelo e desconstruiu várias vezes, mas só ganhou band-aids como prêmio de consolação. Mas silenciar, eu até então nunca tinha pretenso como solução até o momento em que consegui me calar e, para minha surpresa, eu estava certa quando um dia acreditei ser a cura para alguns dos meus males. Então, me deixa permanecer assim: quieta, com Bob Dylan sussurrando no meu ouvido que vou encontrar a resposta solta pelo vento em algum momento e calada, porque até agora tem dado certo.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Road to nowhere


Minha fase niilista voltou, mas, o que posso fazer se não consigo mais acreditar em nada. Será que é normal não ter mais paciência pra conhecer, e nem se envolver com ninguém? Creio que sim. As pessoas falam coisas sem saber o tamanho que aquilo pode ser. Não tem como não se apegar a uma palavra, quando ela é falada constantemente e com tanta certeza, e nem a uma pessoa, quando ela está sempre sorrindo pra você e falando coisas que todo mundo gostaria de escutar. Claro que já passei por isso tantas outras vezes, mas tem uma hora que cansa. O que me deixa mais p-u-t-a da vida é que durante um bom tempo eu vou escutar aquelas músicas que a gente ouvia, a minha música preferia de uma banda que tocou em uma certo momento, até o meu jingle político preferido(nem isso escapou)e vou lembrar do teu rosto me olhando, dos teus roncos, da voz de criança que você fazia sem notar, do cheiro do teu lençol. Cansei mesmo de tentar entender as pessoas, de querer saber suas estórias & dores & amores, cansei de dormir e acordar esperando alguém, cansei das manias das outras pessoas, de ter que dormir/acordar com alguém, cansei de achar que só eu tive aquele momento “especial”, cansei de viver em um filme onde tudo no final tem que dar certo. Minha vida não é isso, nada ta dando certo no final, se tivesse dando certo não teria final. Não quero mais escrever pensando em ninguém, e nem criar mais frases de efeito pra esquecer deitada no teu peito. Eu não quero mais nada disso. Não, eu não sou amarga (só um pouco) e nem odeio ninguém (só algumas pessoas), eu só cansei desse tipo de jogo, onde quem se mostra primeiro sai perdendo (se fode). Pra acabar com esse texto que não tem nexo nenhum, eu vou pedir um grande favor pra as pessoas que um dia calharem de me conhecer: Não diga que eu sou bonita, não diga que eu sou única/especial/mágica, não diga que eu tenho um sorriso bonito, ou que sou “smart”, não comente que sou pra casar e nem nada do tipo (porque eu sou mesmo), e nem como eu estou bonita com alguma roupa. Cansei desses clichês que as pessoas falam quando não tem nada pra falar. Já escutei tanto essas coisas, e nada deu certo, que começo a achar que é tudo mentira, que nada disso importa. Então quando alguém for me conhecer, seja e fale apenas a verdade, e se não tiver nada a dizer, não repita nada disso, porque eu não sou mágica, e nem o meu sorriso tem poder nenhum.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

(des)encaixe



-Eu deveria selecionar melhor os caras que me relaciono e quero horizontalizar, os que beijo na chuva e os que eu ando de mãos dadas. Eu deveria ter selecionado melhor você.
-Você vai negar que gosta do meu cheiro, da minha cara amassada de sono e de segurar a minha mão?
-Passei a desgostar na última vez em que a segurei. Ela se encaixou perfeitamente na minha e eu não quis soltá-la mais. Tenho medo de só me encaixar em você. E na sua mão gelada. E no seu abraço cínico.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

como se livrar de arritmia cardíaca.


Modo de preparo:

1. Misture pessoas, remédios, bebidas, músicas, cheiros e lençóis;
2. Acrescente suas paranóias e tentações;
3. Coloque tudo no liquidificador mental e bata bastante até misturar bem;
4. Saboreie.
Após alguns minutos, você vai sentir piedade de si e uma avalanche de náuseas;
5. Coloque o dedo na garganta e force o vômito.
Você estará limpo.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

romance tuberculoso.


Toda vez que Paula via João, ela morria um pouquinho. Ela se sentia invadida e paralisada por tanta paixão, desejo e remorso, e sem saber como cessar sentimentos tão intensos, às vezes, ela sentia calafrios. Sem conseguir lidar com a presença dele nos lugares, ela bebia vários copos de vodca pura e fumava três cigarros seguidos, quando cumprimentá-lo era inevitável. E morria mais um tanto, nas vezes em que ele logo após cumprimentá-la, puxava conversa enquanto mexia no cabelo dela. Paula sentia uma vontade absurda de sair correndo, pegar um táxi e sumir do mesmo mundo que ele. Ela só queria não ter que fingir que gostava de encontrá-lo nos lugares e que as coisas fluíam naturalmente, sem hipocrisia e desconforto. Na verdade, os flashbacks eram a tormenta de Paula. Doía lembrar-se do cheiro de jasmim que o quarto dele tinha e dos lençóis amarelos quentinhos que estavam mais para ímãs de tão atraentes e da preguiça que ela sentia de levantar-se dali. Doía lembrar-se das cócegas que ele tinha mania de fazer nela, quando eles iam a praia observar o pôr-do-sol. Doía não conseguir admitir a falta que ele faz. Doía não conseguir externar para ele a falta que o mesmo faz e da saudade que ela sente das cócegas, do lençol amarelo e do cheiro de jasmim. Doía a sensação de morte dosada. Doía também a cabeça, quando Paula acordava de ressaca após encontrá-lo. Doía em Paula ter que se contentar com o que restou: o gosto de passado na boca e João como assombração.