quinta-feira, 17 de junho de 2010

esboço de uma teoria das relações geminianas


Enquanto lia o horóscopo de gêmeos, me deparei como os geminianos se relacionam entre si no amor: “Dois volúveis que dificilmente se complementam se cada um não estudar a si próprio, para entender o outro. Vão se regozijar mais com a aventura e o sentido do humor que com a paixão em si mesma”.
Me identifiquei instantaneamente. Não consigo me relacionar com homens geminianos por muito tempo, todos os pseudo-relacionamentos que tive com eles não chegaram a ser concretizados.


O primeiro geminiano surgiu, quando a bagunça imperava. Minha vida estava fora do lugar e eu era uma adolescente medrosa, mas que se achava corajosa. Enfim, ele encontrou alguém que tentava se descobrir. As atitudes que eu tomava para surpreendê-lo me faziam sentir estúpida, mas eu não desistia e insistia insistia insistia nele. Ele quase me enlouqueceu, pois fazia o joguinho típico de adolescente de deixar o outro na dúvida e confuso que me irritava e logo ele, que compartilhava do mesmo signo que eu, deveria saber que geminianos não sabem conviver com a incerteza. Eu não conseguia estudar e nem fazer qualquer atividade bem feita e só pensava no dia seguinte para encontrá-lo. Eu impaciente, ele focado nos estudos, eu com pressa, ele sem pressa, dois inconstantes, diálogos forçados e bobos, pensamentos distintos, prioridades opostas: não perdurou. A pior coisa que ele fez foi ter tirado a graça de Stairway to heaven. Passamos um tempo sem nos ver e conversar, até que ele resurgiu das cinzas. Atualmente, ele tenta mostrar ser dócil e meu amigo (o que tem me intrigado porque ambos sabemos que nunca fomos amigos).

O segundo geminiano foi bem diferente do primeiro, tanto fisicamente quanto intelectualmente, mas também não foi além de me despertar sentimentos contraditórios. No íncio, eu me sentia idiota por não conseguir responder as perguntas que ele fazia e o pior é que eu gostava de me sentir assim, porque ele conseguia me cativar. Ele costumava receber como resposta para algumas perguntas que eu não conseguia responder, um sorriso. Eu conseguia entendê-lo bem, mas ele não me entendia. Ele fazia esforço para me decifrar e entender o que estava nas entrelinhas através de sinais, toques de mão e cores de esmalte. Ele dizia que conseguia entender meu humor pelas cores que eu pintava. Mal sabia ele que na maioria das vezes palpitava errado. Confesso que não fui a pessoa mais sincera, previsível, disposta a arriscar e ser decifrada. Ele quase me levou a loucura pelas cobranças feitas, tentativas de me fazer acreditar que estava sempre errada e por ter conseguido que eu me sentisse péssima várias vezes. Admito que perco o encanto fácil, não aprendi a estabilizar o humor, não gosto de rotina e ver alguém que me interessa todos os dias e ter que agir como ele espera me cansa e cansou. Não houve evolução na relação porque ele não soube compreender meu ostracismo. Se antes já não era fácil ouvir Radiohead, depois dele piorou. Inevitalmente, quando qualquer música toca, me vem a cabeça a barba dele.

O terceiro geminiano teve uma participação relâmpago na minha vida. Quer dizer, mais ou menos. Quando o conheci, eu estava desiludida, destruída e tentava me recuperar de uma frustração. Estávamos em um lugar barulhento e minúsculo que tocava Madonna e ele me abraçou, disse baixinho: “vai passar vai passar porque tudo na vida passa, a questão é manter o foco no que trás felicidade” e acreditei. Não sei se fui facilmente acalentada porque estava bêbada ou por ele ter parecido sincero, compreensivo e comovido – como se já tivesse passado por labirintos mentais insuportáveis - e eu precisava compartilhar tal sentimento com alguém que entendesse o que eu estava sentido e, naquele momento, encontrei conforto em abraços de um estranho. E foi isto o que ocorreu na noite em que o conheci: dois abraços. Dias depois, o encontrei ocasionalmente e conversamos horas a fio e a partir daí começamos a manter contato. Após alguns meses, ele ainda conseguia manter a imagem que tive dele no dia em que o conheci por acaso: sincero e compreensivo. E interessante.
Como a vida faz questão de ser engraçada e, por vezes, repetitiva, ele quase me enlouqueceu. De raiva.
A opinião formada que eu tinha dele perdurou até o dia em que ele quase me atropelou.

Não sei se a culpa é do acaso, universo, dos astros ou da minha falta de sorte. A questão é: geminiano e geminiana não conseguem ter um relacionamento tranqüilo, pois juntos formam um vulcão: as erupções são imprevisíveis e causam danos irreversíveis.

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