domingo, 6 de junho de 2010

“sinto amores e ódios repentinos por você".


São quatro horas e trinta e dois minutos da manhã, cheguei a alguns minutos em casa, abri a geladeira, peguei um pedaço de torta, mas perdi o apetite quando li a mensagem de texto que você enviou. Veja bem: a minha resposta não cabe em mensagens de texto, eu poderia escrever trinta mensagens que todas elas seriam insuficientes para descrever o que pensei e desejo falar. Eu poderia ligar pra você agora, não é? Mas não vou. Preferi beber um copo de água, tomar banho e fingir que o conteúdo da mensagem não me fez pensar e ter vontade de externar alguns fatos. Eu gostava dos beijos na cabeça que recebia de cumprimento, de conversar sobre filmes que nem foram lançados, da sua companhia na esquina daquela rua que conhecemos muito bem, dos sorrisinhos envergonhados, do impacto que a sua sinceridade me causava, das conversas bêbadas, do fato de você escrever com a mesma mão e ter o mesmo signo que eu (na verdade, me assustava). Aparentemente, isso deveria bastar para eu ter vontade de iniciar uma nova relação e me entregar a ela, não deveria? Mas não bastou. Descrevo nossa relação em uma palavra: sintonia.

Consegui perceber que por trás do fone de ouvido que tocava Radiohead tinha uma criança.
Mais de vinte invernos na teoria, entretanto na prática... mentalidade de dezessete anos. Alguns planos, sede por viver, vícios. Você é vários problemas vestidos de gente. Por um tempo, pensei que os vícios eram passageiros e forçados, culpa da crise dos vinte anos ou desejo de se afirmar. Depois percebi que eles fazem parte de você e da sua parte ruim.
Sabe o que me passou pela cabeça agora? O quanto eu sou idiota já que na mensagem não tinha nem cinco palavras e estou aqui, fazendo um esclarecimento desnecessário e inútil. Sim, inútil, pois não vai mudar minha opinião e o que sinto, senti, sintamos. Sabe o que eu quero? Que você me evite. Prefiro que você finja que não me conhece e vire o rosto do que continue com esses joguinhos de mensagens e frases bem articuladas. Afinal de contas, você não está felicíssimo, bem acompanhado e resolvido como aparenta? Cansou de se fingir de bonzinho e mostrar que é cafajeste? Uma amiga minha certa vez me disse: “Ele não deve ser tão bonzinho como parece” e ainda bem que não duvidei dela. Eu deveria ter guardado essa afirmação pra falar pessoalmente, olho no olho, ouvindo sua respiração e vendo sua reação, mas honestamente espero não ter esse tipo de conversa com você e nem qualquer conversa que envolva frases no plural e relembrem o passado.
Quer saber? Vou apagar tudo que escrevi e não vou responder a mensagem por ter certeza que vamos ficar numa gangorra, pois você vai responder de volta e vamos trocar diversas frases que não foram espontâneas e verdadeiras e prefiro ser a primeira a descer da gangorra.

Nenhum comentário: